Ela se foi. Depois de vários anos de trabalho duro ela parou de funcionar. Eu até tinha trocado sua bateria recentemente, mas não deu. Foram quilos de resina e endurecedor, sempre garantindo a mistura adequada. Ela suportou o desleixo de meus ajudantes, que a operaram ao longo do tempo (também contribui para o acúmulo de resina dura no seu corpo). Eu a ganhei da minha cunhada Elisabete, que na época tinha usos mais nobres para ela, no auxílio de receitas de doces e bolos, mas ela veio pesar resina e contribuiu muito nos trabalhos do nosso catamarã.
Neste final de semana a troquei por uma chinesa, espero que eu não sinta saudade da minha velha amiga!
Depois de terminada a estruturação do convés a próxima etapa é a casaria. Como o próprio nome diz será o local de da habitação do barco e local do comando também.
A primeira parte será a parte da frente, onde estarão as janelas frontais da embarcação. Está parte traz um desafio adicional, pois é uma parede curva. Curva, por vários motivos: por designer, por possibilitar uma melhor visão na posição de comando e diminuição a resistência ao vento frontal quando em deslocamento (veja o vídeo abaixo para melhor compreensão).
Para realizar a construção desta parede curva serão necessárias três peças em arco. As peças estão sendo montadas em um molde feito pelo mestre marceneiro Sr. João.
Em tempos de queimadas na Amazônia e de discussões acaloradas sobre o meio ambiente, (eu defendo o controle da sanha predatória de grileiros, ruralista e invasores de terras de terno e gravata) não posso dizer que eu também tenha sido ecologicamente correto. Afinal meu barco é todo de madeira, revestido fibra de vidro e resina epóxi.
Já usei centenas de metros de ripas, tábuas e vigas, de angelim, garapeira e peroba cupiúba e continuo usando. Em breve terei que forrar o convés e serão quase 60 metros quadrados de piso.
Um dos principais motivos que me colocou na tarefa de construir um barco foi a minha quantidade limitada de recursos*. Portando sempre pesquisei por métodos construtivos e materiais com bom custo-benefício.
Em recente pesquisa encontrei a Ecomax (http://madeiraplasticaecomax.com.br) empresa cearense que fabrica madeira, feita a partir da reciclagem de embalagens plásticas, casca de arroz e serragem. Produzem tábuas com 40 cm de largura, 3 cm de espessura e 6 metro de comprimento (ou sob medida), dentre outros produtos. Segundo o fabricante o produto pode ser lixado, pintado, usinado, furado, colado e fixado com pregos e parafusos. A tábua custa R$ 34 o metro linear ou R$ 85 o metro quadrado.
No vídeo abaixo eu mosto o teste que fiz com o material. deixei uma peça submersa por 40 dias. Nota: nas últimas semana continuei também a estruturação do convés. Atualizarei em breve! * claro que preciso dizer que construir meu próprio barco é uma experiência que não tem dinheiro que pague.